ANIVERSARIANTES do MÊS
Parabéns!
Paulo
Augusto 03
Nélia
de Almeida 10
Inês
Nunes 14
Lourdes
Ramos 14
Josemias
Froz 17
Helenice
de Paula 24
Paulo
Sergio Ramos 25
Luzia
Ramos 27
Iara
Roccha 29
PENSAMENTO DO MÊS
“Todos nós ficamos velhos, mas não envelhecemos. Velho é todo aquele que já não produz” (Wood Alen)
A MELHOR FRASE DA SEMANA
“Facilitar uma boa obra é o mesmo que fazê-la” (Maomé)
A MELHOR FRASE DO MÊS
“Não está a felicidade em viver muito, mas em viver bem”
(Pe. Antonio Vieira)
FILOSOFANDO
“O segredo da felicidade é amar o dever e procurar nele o prazer” (C. Dasit)
O
RISO DE CARLITOS
Uma
senhora muito recatada, ao passar por uma rua escura e deserta, foi atacada por
um tarado, um negão enorme, que a levou para um terreno baldio. Meia hora
depois, a tal senhora, deitada semi-nua no chão do terreno, falou: Isso não vai
ficar assim, não. Vou contar pro delegado que fui atacada por um tarado que
abusou cinco vezes de mim. – Perdão, madame, mas foi uma vez só – falou o
negão. E daí – continuou a tal senhora – vai me dizer que está com pressa...
NEWS
Não
deixe de assistir ao programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
TECHCABLE, todas as terças-feiras, às 13h30, com reprise às quintas-feiras, às
17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em Petrópolis poderá
assistir através da Internet www.tvvilaimperial.com.br Produção, direção e
apresentação de Angelo Romero.
O projeto de Angelo Romero, CINE-CLUBE-ARTE ABELARDO ROMERO, será apresentado
no segundo sábado deste mês (Setembro) dia 13, às 19h, no Centro Cultural
Cine-Teatro Abelardo Romero, com entrada franca para os associados e convidados
especiais, e ainda oferecendo, gratuitamente, pipoca e refrigerante. Reserve
seu lugar através do telefone: 2245-7260.
POEMA
DO MÊS
“CENA”
(Catarina
Maul)
Não
sei, não sei!
Boca,
fala, sintonia...
Gosto,
lábio, poesia,
Cheiro,
afago, fantasia...
E
aí...after day!
Roxos,
rixas, pele branca,
entrega
ardente, bruta, franca,
Cela...a
porta se destranca
E
aí... não sei!
Espaço,
dor, pele, abraço
profano,
adentra o espaço,
não
há lugar pra algum mormaço,
queima
e ferve, sem senão!
Gozo,
pouso, sono, cena.
Corpo,
peso, que condena...
Emoção
trans-obcena,
não
sei, não sei! Ilusão!
Loucura...sem
rumo...e sem direção!
Mudança
sem prumo e sem explicação!
Não
sei! Não sei!
Catarina
Maul é a atual presidente da Academia Brasileira de Poesia. Este poema foi
extraído de seu livro “INTENSA”
A CRÔNICA DO MÊS
“Pedrinho, Luizinho e
Tombamentos”
Angelo Romero
Petrópolis
que já teve, em Quitandinha, o mais belo cassino do país, está para inaugurar
uma nova Casa de Apostas, tão honesta quanto os Pontos de Jogo do Bicho que
ainda sobrevivem e que creio, sobreviverá para sempre (vale o que está
escrito), acertou, ganhou e recebeu. O Jogo do Bicho têm duas finalidades
básicas: a primeira é saudável – alimentar o sonho do pobre. Já a outra é
lamentável – engordar o bolso da autoridade corrupta. A nova Casa de Apostas
funcionará da seguinte maneira: se o apostador responder corretamente as cinco
perguntas do sorteio diário receberá o total do valor apostado, descontados os
impostos. Assim como acontece na Super-Sena, se houver mais de um acertador, o
prêmio será rateado e, se não houver acertador, ficará acumulado. As perguntas
serão as seguintes: 1) quantos caminhões com mercadorias irão tombar amanhã na
BR-040? 2) Qual o tipo do caminhão, ou caminhões: comum, carreta ou cegonha? 3)
Onde acontecerá o tombamento: na pista de subida, ou na de descida da Serra? 4)
Qual será o tipo de carga que ficará espelhada na estrada? 5) E, por fim, por
quanto tempo a estrada ficará interditada? Estou morando em Petrópolis há 22
anos e garanto que, tanto a subida da Serra, quanto a descida mantêm o mesmo
traçado em que foram construídas. A má conservação sempre existiu. A única
coisa que mudou foi o volume maior de veículos subindo e descendo, o que é mais
do que natural. Por que será que só de uns tempos para cá os caminhões de carga
tombam quase que diariamente? Os motoristas de hoje conhecem o traçado tão bem
quanto os de ontem? São tão responsáveis quanto os de ontem, ao ponto de
obedecerem à velocidade permitida? Será que os motoristas dos caminhões
acidentados estarão passando pelo tal teste do bafômetro? E o nível de
conservação dos caminhões será o ideal para o tipo de serviço e de percurso:
direção, freio, suspensão e etc.? E, o
mais importante: o peso máximo permitido para o tipo de carga a ser transportada,
de acordo com o modelo do caminhão (aberto, fechado) estará sendo fiscalizado e
obedecido? Você, amigo leitor, será capaz de responder correta e honestamente a
estas perguntas, ou é daqueles que acredita que a única culpa recai sobre a
BR-040? Brincadeiras a parte, vamos falar sério. Petrópolis, no passado, já
teve algumas boas indústrias. Por não acompanhar os novos avanços técnicos,
foram perdendo espaço e competividade. Tiveram que fechar. Entretanto, suas
tradições históricas, belos prédios e monumentos, tornaram a Cidade
iminentemente turística. O novo traçado da pista de subida, encurtando a
distância e diminuindo os riscos de acidentes, por certo incrementará o
turismo, nossa melhor fonte de renda. Para completar, caberá às autoridades
competentes, uma maior e eficiente fiscalização nos caminhões de carga, para
evitar que tantos tombamentos aconteçam. Em minha infância meus maiores
amiguinhos foram: Pedro Luiz dos Santos, o mais velho, e Luiz Carlos dos
Santos, o caçula. Para mim, Pedrinho e Luizinho. Pedrinho era bom estudante, porém
foi um menino levado. Possuía muita energia. Topava todos os jogos e brinquedos
da criançada e ainda subia nas árvores dos vizinhos para colher frutas. Já
Luizinho era aparentemente calmo. Devagar, quase parando. No entanto, era por
de mais sonso. Praticava às maiores travessuras e maldades, como atirar pedras
nos animais, rasgar os livros e cadernos e destruir os brinquedos do irmão.
Porém, a vítima e o culpado era sempre o Pedro, que apanhava boas surras e
ainda ficava de castigo. Ah, que saudade de minha infância. Como eu gostaria de
saber como estão, hoje, Pedrinho e Luizinho. Na época, todos nós tínhamos
apelidos. Se Pedrinho, o injustiçado, hoje vivo estivesse por certo seria
tratado por BR-040.
O CONTO DO MÊS
DEPOIS DA CHUVA
Angelo Romero
-
Terei que esperar a chuva passar para que eu possa encontrar um táxi livre? –
resmungou em voz baixa, depois de secar a testa suada, suavemente, com um lenço
branco.
O Serviço de Meteorologia havia acertado em
cheio ao prever chuva para os últimos dias de 2009. O centro da cidade do Rio
de Janeiro fervia a 40 graus naquela véspera de Natal, apesar da chuva
preguiçosa que, ao invés de refrescar, levantava o mormaço. Do alto dos
edifícios da Cinelândia, coração do Rio, podia-se observar um vai e vem frenético
de pessoas angustiadas em busca das últimas compras para os presentes de Natal.
Do alto, pareciam formigas desgovernadas que, em lugar de folhas, carregavam
guarda-chuvas ou cobriam-se com jornais.
Papais Noel em várias cópias, anunciavam produtos na porta das
principais lojas. Um deles, chamava mais a atenção das crianças ao beber uma
tulipa de chopp, esparramando seu corpanzil
na cadeira de uma das mesas do Bar Amarelinho. Para o olhar curioso de
uma criança “bem informada”, aquela imagem fazia o maior sentido. Afinal,
suportar todo aquele calor, dentro daquela roupa e com aquela barba enorme a
tampar-lhe os poros para quem acabara de chegar do Pólo Norte, lhe pareceu bem
normal. O que para aquela criança não lhe pareceu normal era Papai Noel, em várias
cópias, espalhados pela Cidade e com tipos diferentes: gordos, magros, altos,
baixos e até com diferentes tons de pele.
- Eu pensei que só existisse um Papai Noel –
falou para a mãe.
- Verdadeiro só existe um, meu filho. Esses
são cópias, são ajudantes. Como um só Papai Noel poderia distribuir presentes
em todas as casas do mundo, hem?
A criança se conformou. Afinal, na idade da
inocência a mãe tem sempre razão.
Mas, entre todos, havia um Papai Noel
verdadeiramente falso, apesar de sua boa aparência para o tipo e o que melhor
estava fantasiado. A barba, por exemplo, era tão perfeita, apesar de postiça,
que todos poderiam jurar ser verdadeira. Portava um enorme saco de cetim
vermelho, às costas, com presentes caros e bem embrulhados. Mas não estava a
serviço. Muito pelo contrário: acabara de deixar o cinema Odeon, onde trocara
no banheiro o caríssimo terno, pela fantasia. Ao deixar o cinema sorriu ao ver
a expressão de espanto no rosto do funcionário que recolhia os ingressos. Ele
não se lembrava de ter visto um Papai Noel entrar. “Tempos malucos” – pensou o
espantado jovem.
Comprou um guarda-chuva no primeiro camelô
que encontrou e cansado de andar de um lado para outro em busca de um táxi,
nosso falso Papai Noel resolveu parar e encostar-se a um poste próximo ao
último sinal de trânsito da Av. Rio Branco.
Quinze minutos depois, a sorte lhe sorriu. Um táxi parou justamente onde
ele estava para deixar um passageiro. Ao entrar e ao se acomodar no banco de
trás, falou para o taxista:
- Hoje é seu dia de sorte. A corrida será
boa e ainda vou lhe pagar a volta. Rume
para Madureira primeiramente, por favor, e se for depressa ainda ganhará uma
boa gorjeta. Estou atrasado para o meu compromisso. Como pode ver, ainda tenho
muitos presentes para distribuir.
O motorista sorriu, antes de dar a partida.
Sentiu vontade de perguntar pelo carro encantado, puxado pelas renas, mas
preferiu não alimentar a loucura do mundo atual. “Tempos malucos” – deve ter
pensado.
Num fim de tarde chuvoso numa véspera de
Natal, pode-se imaginar a loucura que estava o trânsito. Uma corrida num melhor
horário, com bom tempo e dia normal, levaria menos de uma hora: levou quase
duas.
- Está vendo aquela bela mulher de branco,
parada na porta daquele bar-restaurante? Pois pare ali - indicou.
O motorista obedeceu. O Papai Noel abriu a
porta traseira e falou: - Desculpe a demora querida. Entre.
A bela jovem, diante daquele homem
fantasiado, hesitou.
- Sou eu, seu amorzinho, meu Biscoito.
Mesmo desconfiada, ela entrou. Não poderia
haver dois timbres de voz tão iguais e, afinal, ele era o único homem que lhe tratava
por “Biscoito”.
Agora, meu caro, pegue a Av. Brasil e nos
leve até Belfort Roxo – ordenou.
Depois de mais uma longa corrida o motorista
se espantou ao receber o último pedido: - Por favor, entre naquele Motel.
Ao ver o tipo de estabelecimento, deve ter
pensado o taxista: - “Tantos Motéis de luxo e bem localizados e ele me pede
para trazê-lo nesta espelunca no fim do mundo. Tempos malucos!” – possivelmente
deve ter concluído em pensamento.
Através da janela do táxi nosso Papai Noel
falou à recepcionista: - Quero a
melhor suíte, por favor.
Ela
sorriu ao ouvir de quem vinha à voz e respondeu:
- Lamento cavalheiro, mas não temos suíte,
mas posso lhe oferecer o melhor apartamento. Temos ar condicionado, ducha de
água quente, TV a Cabo com canal pornô e freezer.
E com boa dose de humor ela completou:
- E para um Papai Noel o preço é
promocional.
Depois de se inteirar do preço, ele fez
questão de pagar por duas horas, adiantado.
- Desculpe cavalheiro, mas o pagamento tem
que ser feito na saída. Tanto o senhor poderá ultrapassar o tempo, como poderá
solicitar à cozinha bebidas e refeições, ou usar o que temos no freezer...
- Me passe o valor total do que tem no
freezer e some com as duas horas que pretendo usar. Se não puder pagar
adiantado, como é meu hábito, vou procurar outro Motel – falou com decisão.
- Um momentinho, distinto cavalheiro. Vou
consultar o Gerente. Lamento não poder resolver por conta própria. Sou uma
simples funcionária.
O telefonema interno foi rápido e depois de
usar a máquina calculadora ela apresentou a nota com o total da despesa e
falou:
- A Gerência tem prazer em recebê-lo e lhe
deseja boa estadia e um feliz Natal.
O taxista dirigiu mais alguns metros, parou
na porta do apartamento reservado para seu passageiro, recebeu em dinheiro vivo
o dobro do que marcava o relógio, acrescido de boa gorjeta. Depois de agradecer
e desejar ao casal um bom Natal, ele deixou o Motel.
Biscoito, ou melhor, Maria de Fátima
Cordeiro de Araújo, trabalhava como mestre cuca no “Jóia da Terra”, um
bar-restaurante, especializado em comidas típicas das mais diversas regiões do
país e que, apesar da aparência simplória e de estar localizado no subúrbio,
ganhara notoriedade pela excelência da comida servida. Naquele dia o movimento
no almoço foi muito acima do de dias normais e ela havia trabalhado em pé por
mais de oito horas. Não sabia o que de mais intenso estava sentindo: se cansaço
ou curiosidade. Com os pés em brasa, atirou os sapatos para o alto, jogou-se na
cama e disparou a falar:
- Meu expediente já havia acabado há mais de
uma hora! O restaurante já tinha até arriado as portas antes de você chegar,
assim que saiu o último freguês. Eu já estava na porta, de pé, há mais de
trinta minutos lhe esperando. Pensei até que ia levar um bolo.
- Já imaginou o que é encontrar um táxi
livre no centro da Cidade, naquele horário, com chuva e na véspera de Natal? –
perguntou ele.
- E por que não veio no seu luxuoso
automóvel?
- Porque sendo véspera de Natal, dispensei
meu motorista e, como sabe, não gosto de dirigir. Acho até que minha licença já
está vencida...
- E por que escolheu esse Motel pobre e tão
distante, já que gosta e pode pagar por Motéis luxuosos e bem localizados?
- Por questões sentimentais, meu Biscoito.
Hoje é um dia especial para mim. Foi Pedro, meu saudoso e melhor amigo quem
comprou esse terreno e mandou construir o Motel. Foi o primeiro Motel que
frequentei. Estava com dezoito anos na ocasião e era véspera de Natal. Pedro, o proprietário e amigo morreu de
enfarto na véspera do Natal do ano seguinte. Por aqui já passaram diversos
donos. Não sei quem é o dono atual. Só sei que todo ano, na véspera de Natal,
eu venho até aqui. Está bem respondido?
- Está, mas não vamos lembrar de coisas
tristes. Hoje é um dia alegre para mim. Véspera do dia em que se comemora o
nascimento de Jesus. Vamos falar de coisas boas. Mas antes me responda: Por que
você veio vestido de Papai Noel?
Esta poderia ser a pergunta mais difícil
para ser respondida. Poderia ser para quem não fosse tão inventivo. Não era seu
caso. Além do que, ele já estava com todas as respostas prontas.
- Você já ouviu falar na palavra
“filantropo”?
- Claro que já – respondeu ela com firmeza.
- Sabe o que quer dizer?
- “Biscoito” titubeou. Já ouvira realmente
aquela palavra, mas não se lembrava do que significava.
- Bem, filantropo parece ser um cara legal,
assim que nem você...
- Sim, eu sou e gosto de fazer o bem aos
mais necessitados. Todo ano, nessa data
visto-me de Papai Noel e visito um orfanato.
- Quer dizer que nesse saco tem brinquedos
de verdade? – Perguntou com certo espanto e admiração.
- De verdade e caros. Brinquedos que
qualquer criança pobre deseja, mas que não tem quem compre para ela. Além de
tudo, esta data é significativa para mim, ou melhor, para nós. Exatamente hoje
faz três meses que nos conhecemos. É, ou não é um bom motivo para comemorar
nosso namoro?
- Namoro? Esqueceu que você é um homem
casado?
- Como posso esquecer? As pessoas vivem a me
lembrar disso. Mas fique certa de uma verdade, Biscoito, o melhor namorado é
justamente o homem casado.
- É?! Pode me explicar porque?
- Porque é aquele que melhor entende o valor
da liberdade, é o único que não faz cobranças à mulher que ele ama e sabe que o
tempo ao lado dela deve ser aproveitado da melhor forma possível e
intensamente. Não se fala em contas para pagar, doenças, sogras e filhos
problemáticos. Quer melhor?
- Sim, mas não nos oferece futuro...
- Se Deus, Nosso Pai Todo Poderoso, não
oferece futuro terreno, como posso oferecer? A vida não nos oferece futuro. O
presente é que conta, porque ele existe.
De repente Maria de Fátima se deu conta de
que tudo naquele dia se mostrava totalmente diferente: o táxi, a longa corrida para
vencer distâncias, o Motel barato e o amante vestido de Papai Noel. E mais que
tudo isso, o autocontrole dele, já que estava acostumada a beijos e amaços logo
que entravam no quarto do Motel e ele trancava a porta.
Ele, ao ver a expressão pensativa impressa
nas faces de Biscoito, parece ter adivinhado seus questionamentos.
- Hoje não estou com pressa. Temos duas
horas, no mínimo, para nós. Combinei com a família, que o Papai Noel só
chegaria em seu lar à meia-noite, depois que visitasse o orfanato. Porém, já
pode começar a fazer o strip-tease que tanto me excita e que só você sabe fazer
bem...
Ao acabar de falar, ligou o ar refrigerado,
acionou as teclas do sistema de som até encontrar uma música romântica,
diminuiu a intensidade da luz, deixando o ambiente num tom azulado e abriu o
freezer. Havia quatro garrafinhas, do
tipo miniatura, de uísque nacional. Pegou dois copos, derramou o líquido de
duas garrafas em cada um e adicionou três pedrinhas de gelo. Entregou um dos
copos para Biscoito, brindou, bebeu um grande gole, posou o copo sobre a mesa
de cabeceira, sentou-se na beirada da cama e começou a se despir, começando por
descalçar as luvas. Ao atirar a última peça de roupa no chão e ficar
inteiramente nu, levantou-se, foi até ao banheiro, abriu a torneira da pia,
molhou a ponta de seu lenço e retirou a suave maquiagem que deixara avermelhada
suas bochechas. Por último, retirou com cuidado as lentes de contacto que
transformavam em azuis seus olhos castanhos e as guardou numa minúscula caixa. Livre das botas que lhe acrescia a altura, da
fantasia recheada de enchimentos que, no mínimo, lhe duplicava o físico, e
livre dos demais componentes que lhe modificavam a fisionomia, abriu um largo
sorriso diante de espelho. Sabia que
todos que os haviam visto vestido de Papai Noel, jamais poderiam reconhecê-lo
de camisa e calça social, gravata, paletó esporte e sapatos do tipo mocassim
que, junto aos demais presentes, estavam bem condicionados dentro do saco.
Sua idade girava em torno dos quarenta anos,
tinha um corpo atlético e era muito saudável. De todos os apetrechos que
compunham a fantasia, manteve calçado apenas o par de luvas. E foi assim e
inteiramente nu que retornou ao quarto. A visão do belo corpo nu de Biscoito,
na cama e em posições lascivas, foi o suficiente para lhe provocar forte
ereção. Deitou-se ao lado dela e a beijou na boca delicadamente, sem
sofreguidão. Ela estava mais que receptiva e ele a provocou perguntando:
- O que de melhor um homem pode fazer para
provocar a libido e excitar uma mulher?
Como já conhecia o que mais lhe provocava,
em termos de carícias preliminares, colocou dois dedos sobre seus lábios
umedecidos, não a deixando responder e completou: - Presenteá-la com um anel de
brilhante.
De um salto, abriu a boca do saco e se não
tivesse prendido a pequena caixa logo em cima, com fita adesiva, perderia muito
tempo até esvaziá-lo para encontrá-la.
- Este, pode acreditar, de todos, é o
brinquedinho mais caro.
A mulher se excita de duas formas intensas,
mas totalmente díspares: uma, a faz umedecer a vagina; a outra, os olhos. Nesse
caso, o alvo imediato foram os olhos. Tomada por forte emoção, Maria de Fátima
precisou secar os olhos que, embaçados, não lhe deixavam ver com nitidez o
brilho do brilhante no dedo anular.
Nascida em berço pobre numa pequena cidade
do Pará, ela jamais imaginara que poderia chegar aonde chegou. Sua história,
embora dramática, pode ser contada em poucos parágrafos. Perdeu a virgindade
aos treze anos com o tio, irmão de sua mãe. Para piorar a situação, engravidou
e não teve coragem de revelar o nome do pai da criança que estava por nascer.
Por este motivo, foi expulsa de casa e foi se bater em Belém. Dormiu ao
relento, passou fome e muitas necessidades. Enquanto o corpo definhava, a
barriga crescia. Magra, suja, enfraquecida, grávida e mal vestida, não
despertava a cobiça dos homens. Talvez por isso tenha se mantido íntegra, pois
nem a prostituição a aceitava. Uma Instituição de caridade cuidou dela para que
pudesse ter a criança. Por ser estreita e estar debilitada, teve um parto
complicado e a criança não resistiu. Como sabia cozinhar bem, conseguiu emprego
numa pequena pensão, que lhe pagava metade do salário e lhe dava em troca
comida e moradia. Aos poucos conseguiu se recuperar. Com boa formação óssea,
logo que passou a engordar, ganhou belas formas. Cabelos negros lisos, olhos
castanhos esverdeados, coxas grossas, tornozelos finos, pés pequeno, busto
médio em formato de pêra, quadris largos e bunda arrebitada. Passou a chamar a
atenção dos homens, mas os evitava. O
sexo e suas consequências a tinham traumatizado. Apenas por instinto, não
confiava nos homens, porém sua ingenuidade poderia pô-la em perigo. E o perigo
passou a frequentar a pensão em forma de freguês, homem maduro e com boa lábia.
Para ganhar confiança, evitou fazer a corte. Desejava apenas apadrinhá-la. Ser
seu protetor.
- Para uma jovem bonita e com tantos
atributos culinários, Belém é uma cidade pequena para você – disse-lhe certa
ocasião.
Numa outra oportunidade, falou:
- Seu futuro poderá estar no Rio de Janeiro.
- Já desaprendi a sonhar, meu senhor, como
poderia chegar um dia por lá?
- Posso levá-la. Vou para o Rio na semana
que vem.
- Só que o dinheiro para a passagem eu não
tenho, nem roupas, nem mala....
- Eu posso pagar e adiantar o que lhe falta.
Mas não pense que será de graça, não. Conheço um amigo que tem um grande
restaurante no centro da cidade. Ele emprega você como cozinheira e com o
salário que vai receber você poderá ir me pagando, aos poucos. Que me diz?
- É uma proposta tentadora. Vou pensar.
Justino, que era o nome do cidadão,
providenciou tudo ao receber o sinal verde da jovem: comprou a passagem,
algumas roupas, uma mala e, por último, a levou a um salão de beleza para
prepará-la adequadamente para a viagem: um moderno corte de cabelo, limpeza de
pele, unha dos pés e das mãos e maquiagem.
Sua transformação foi tão significante que quando ela chegou à pensão,
seu patrão a fez sentar-se na melhor mesa do salão e, pessoalmente lhe serviu o
jantar. Em seguida, para gravar o que
estava acontecendo, pegou sua máquina fotográfica antiga, modelo caixão, e
tirou algumas fotos de Maria de Fátima para guardar como recordação.
Em lugar do tal restaurante prometido, no
Rio, Justino a deixou num prostíbulo no bairro do Catete. Numa cidade grande, que lhe era totalmente
estranha, sem dinheiro e sem conhecer ninguém, Maria de Fátima resolveu se
sujeitar à situação, provisoriamente. Logo que tivesse o bastante para comer e
alugar um quarto, se mudaria. Entendeu que completara o curso da vida e nada
mais teria que aprender.
Ficou por lá menos de um mês. Um cliente, ao
saber de seus atributos no forno e fogão, ofereceu-lhe um emprego no
bar-restaurante de seu pai, especializado em comidas típicas das mais diversas
regiões do país. E é como se diz: ”caiu à sopa no mel”.
Num passe de mágica, o bar-restaurante
ganhou tanta expressão que chegou a ser notícia no jornal da tarde de famoso
canal de televisão. Foi através do jornal e da entrevista prestada por Maria de
Fátima, que nosso Papai Noel veio a lhe conhecer.
A mulher paraense tem fama de ser fêmea
fogosa e ardente na cama e Maria de Fátima não fugia a regra. Era um verdadeiro
furor sob ou sobre os lençóis. Apesar do dinheiro e dos atributos físicos de
seu parceiro, ela não estava apaixonada. Entendia que a sorte estava ao seu
lado, depois de tudo que havia passado por conta de mãos perversas dos
homens. Seu sonho era casar, ter filhos
e criar uma família para reconquistar o que havia perdido. Aquele falso Papai
Noel, apesar de rico e de lhe proporcionar luxo e belos presentes, estava
casado e não trocaria a família por ela. Sabia disso. E, enquanto esperava o
príncipe encantado, cobrava da vida os juros que a vida lhe devia.
Admirada, Biscoito perguntou:
- Por que você continua de luvas? Pelado e
de luvas você fica muito engraçado, sabia?
- As luvas são de veludo, bem macias. Usarei em minhas carícias como uma nova
experiência – falou e passou as mãos suavemente pelos seios da jovem que aos
toques estremeceu.
Ao vê-lo colocar a camisinha, ela falou:
- Por ser um homem casado, confio em você e
por eu ter feito exames completos, recentemente, posso assegurar que gozo de
perfeita saúde. Se preferir não usar
para que possamos ter um prazer maior, de minha parte eu dispenso a proteção...
- Confio em você e agradeço. Porém não são
com as doenças que me preocupo e sim com uma possível gravidez.
Naquelas quatro horas copularam cinco vezes,
usando as mais diversas posições e Biscoito perdera a conta dos orgasmos que
teve. Apesar disso, mostrava-se inteira, enquanto ele parecia estar esgotado.
Depois
de uma demorada e reconfortante ducha que tomaram juntos, ele falou ao voltarem
para a cama:
- Agora se prepare meu Biscoito, para a
surpresa maior. Vou vendar seus olhos e só vou retirar a venda depois que tirar
do saco e desembrulhar seu melhor presente de Natal.
E essas foram as últimas palavras que Maria
de Fátima Cordeiro de Araújo ouviu na vida.
“Ah! Que tempos malucos!”
Ontem
e Hoje (62 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 19/05/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro.
DVDs (musicais)
Tributo à Délcio Carvalho R$5,00
Tributo à Ataulfo Alves R$5,00
Tributo à Herivelto Martins R$10,00
Tributo à Braguinha R$10,00
Shirley Dom de Cantar R$10,00
Miramar em Continentes R$10,00
Da Vassoura ao Microfone R$10,00
DVDs (Teatro)
Se meu Sofá-Cama falasse R$10,00
A Herança R$10,00
Teatro em Gotas R$10,00
No Sertão do Gonzagão R$10,00
No Sertão do Gonzagão R$10,00
ANIVERSARIANTES
do MÊS
Parabéns!
Ivone
Alves Sol 02
(querida
mana) 05
André
Luiz Lacé 06
Jorge
Silva 21
Sergio
Lemos 22
Paulo
Roberto 23
Marta
Pereira 25
Leda Affonso 30
PENSAMENTO
DO MÊS
“Todos nós ficamos velhos, mas não
envelhecemos. Velho é todo aquele que já não produz” (Wood Alen)
A
MELHOR FRASE DA SEMANA
“Facilitar
uma boa obra é o mesmo que fazê-la” (Maomé)
A
MELHOR FRASE DO MÊS
“Não
está a felicidade em viver muito, mas em viver bem”
(Pe. Antonio Vieira)
FILOSOFANDO
“O
segredo da felicidade é amar o dever e procurar nele o prazer” (C. Dasit)
“Ele
leva a garota a seu apartamento e, depois de alguns drinques, resolve atacar
diretamente. Ela faz o que a maioria das garotas faz, inicialmente: mostra-se
difícil. Ele, já desanimado, pergunta: você faz alguma objeção em fazer amor? –
Isto é uma coisa que eu nunca fiz – responde ela. Nunca fez amor? – grita o
rapaz, chocado com o desperdício daquele material todo. E ela: não, seu idiota!
Estava falando da objeção...”
NEWS
Não
deixe de assistir ao programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
TECHCABLE, todas as terças-feiras, às 13h30, com reprise às quintas-feiras, às
17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em Petrópolis poderá
assistir online: www.tvvilaimperial.com.br Produção, direção e
apresentação de Angelo Romero.
O projeto de Angelo Romero, CINE-CLUBE-ARTE
ABELARDO ROMERO, será apresentado, excepcionalmente, no último sábado deste
mês, dia 30, às 19h, no Centro Cultural Cine-Teatro Abelardo Romero, com
entrada franca para os associados e convidados especiais, e ainda oferecendo,
gratuitamente, pipoca e refrigerante. Reserve seu lugar através do telefone:
2245-7260.
O
POEMA DO MÊS
Jovens Viciados
(Glorinha
Rattes)
“Assim,
muitos jovens de agora
com
bagagem proibida,
diferentes
dos de outrora
que
gozavam bem a vida.
Que
será desta geração
movida
e gerada no vício?
Será
sem fé, sem compreensão,
sem
razão, sem princípio!
O
que importa é a fumaça,
o
uso aberto do pó,
o
cigarro e a cachaça
e
se transforma num bocó”.
(Este
poema, da grande amiga e companheira da Academia Brasileira de Poesia, foi
extraído da revista Argila de 2013).
A
CRÔNICA DO MÊS
A
Dama do Encantado
(Angelo
Romero)
Creio
que o cantor profissional, em sua grande maioria, que vive da música e de sua
voz, gostaria de ser compositor. Poucos conseguem. Porém, por dever de ofício,
quando consegue aliar experiência ao bom ouvido musical, consegue detectar a
composição que cairia bem em sua voz, para gravá-la. Para atingir o sucesso,
bastaria uma pitada de sorte. Ao correr do tempo, algumas belas vozes se perderam
justamente por falta desta percepção do que seria comercialmente bom, para
compor seu repertório. Houve, no passado, um caso excepcional. Pixinguinha, o
genial compositor, compôs, entre tantas obras primas de nosso cancioneiro
popular, o samba-canção “Carinhoso”. Por ironia do destino, a gravação da
melodia não obteve o sucesso esperado. Algum tempo depois, Braguinha, outro
notável compositor, fez uma letra para “Carinhoso” e propôs parceria a
Pixinguinha. Em seguida, ofereceram a Sylvio Caldas, considerado o melhor
seresteiro da época, a obra completa para que ele a gravasse. Sylvio tinha a
fama de só gravar se a letra o emocionasse. Como tal não aconteceu, o
seresteiro resolveu não gravar. Apesar de apreciar a melodia, Sylvio achou a
letra tola, pobre, o que não deixa de ser uma verdade. Mais uma vez o destino
foi irônico. Orlando Silva, voltado para o povão e por tal considerado o cantor
das multidões, aceitou gravá-la e “Carinhoso” acabou por se tornar seu maior
sucesso em disco. Este preâmbulo é para falar sobre Aracy de Almeida. Hoje, se
viva estivesse, ela, denominada como a “Dama do Encantado”, por ter nascido
naquele bairro da Zona Norte do Rio, estaria completando seu centenário. Aracy
foi um exemplo perfeito da cantora que sabia como poucas, escolher uma boa
música pra gravar. A sorte costuma fazer par com quem tem valor. Em 1933 ela
conheceu Noel Rosa. Nasceu uma grande amizade e admiração entre os dois a ponto
dela se tornar a maior e melhor intérprete das composições de Noel. Bastaria
sua interpretação em “Último Desejo” para consagrá-la como cantora. Reforçando
seu privilegiado gosto musical, Aracy gravou também Ary Barroso, Wilson
Baptista, Assis Valente, Custódio Mesquita, Caetano Veloso e tantos outros. Por
estes compositores foi respeitada, chegando a conquistar amigos de grande
expressão musical, tais como Vinícius de Moraes, Antonio Maria, Dorival Caymmi
e Hermínio Bello de Carvalho. Cantar foi sua maior paixão, tornando-se cantora
profissional contra a vontade de seus pais. Com sua forte personalidade, dizia
que jamais gravaria uma música se esta já tivesse sido gravada por outro
intérprete. Em face de seu sucesso no disco e nos programas de auditório foi,
nos anos 50, contratada para cantar na boate Vogue, a mais famosa casa noturna
do Rio. Aracy reabilitaria o amigo Noel, o poeta da Vila, falecido
prematuramente em 1937, gravando álbuns bem sucedidos, só com músicas dele. Com
sua voz metálica, um timbre raro de um fanho que não é fanho, chegou a ser
comparada ao timbre de Billie Holidey, uma das maiores cantoras
norte-americanas. Com sua perfeita divisão rítmica, impunha emoção ao cantar,
emoção essa oriunda de sua paixão pelo canto.
Aracy era contida, não exagerava e obedecia a linha melódica. Foi
considerada a anti-diva. Tinha ela uma linguagem popular do subúrbio. Aracy
nunca se preocupou com o brilho, com paetê, com estrela na porta do camarim, e
nunca teve carro com motorista, como certa vez bem a definiu Elis Regina. Aracy
de Almeida faleceu de embolia pulmonar em 20 de junho de 1988 no Rio de
Janeiro. Em seu fim de carreira foi jurada de programas de calouros do
Chacrinha e do Sylvio Santos. Era dura com os candidatos por não suportar ouvir
cantor desafinando. “Vou mandar dez paus pro cara aí e estamos
conversados”. E aí, de forma maldosa e
injusta, a excelente cantora foi esquecida, como se nunca tivesse existido.
Ficou famosa como a jurada de maus bofes e homo-sexual. Verdade ou pura
maldade, não importa. Pessoa alguma, principalmente uma grande artista, deve
ser julgada por sua opção sexual. Não sou critico musical, apenas sei
reconhecer um grande valor. E, neste espaço leitor amigo, pretendo fazer
justiça à grande cantora e interprete. Aquela que honrou a profissão, que
revelou grandes compositores com sua voz marcante, que não teve, até aqui, quem
a substituísse e que, provavelmente nunca terá. A você, Aracy de Almeida, a
“Dama do Encantado”, que tanto nos emocionou com seu talento, meu respeito,
minha admiração e por seu centenário, minha saudade.
O
MOMENTO ÚNICO
Por
Angelo Romero
Se
você já viveu uma grande paixão, por certo saberá a diferença entre este
sentimento avassalador e o amor. E se não vivenciou, esteja certo, é porque
ainda não viveu. O amor é quase uma ciência exata, assim como a matemática. Ele
é construído pela razão, à base de cálculos, proporções e equilíbrio. A margem
de erro existe, mas é pequena. Já a paixão é exatamente o oposto. É a pura
emoção. A pessoa apaixonada deixa de ser um ser comum. Adquire uma força
sobrenatural. Pensa que é Deus, que é imortal e capaz de mudar o destino do
mundo e da pessoa amada. Sente-se capaz de realizar coisas que imaginava serem
impossíveis, como dominar o espaço e alçar voo sem tirar os pés do chão. É um
cego cuja visão só consegue enxergar as cores com as quais deseja colorir seu
mundo, mas não consegue ver as que estão diante de seus olhos. Pela paixão será
capaz de matar e até de morrer, se esta for a melhor solução do momento.
Durante o tempo em que durar este sentimento, a pessoa saberá, conscientemente
ou até de forma inconsciente, detectar o momento único. O ápice! Aquele que
nunca será igual a outro e que jamais voltará por ter sido perfeito e intenso.
Aquele momento em que o tempo jamais o apagará de sua memória. Se este momento
ficar marcado por uma foto, um bilhete, uma carta ou um poema escrito a mão,
não o rasgue, ou queime esta testemunha. Ponha-o num quadro, pois será seu mais
valioso diploma entre todas as faculdades que cursou. E esteja certo que, ao
diplomar-se na paixão, você estará apto para compreender, aceitar e até de
perdoar todos os demais sentimentos humanos, pois jamais encontrará outro tão
intenso, quanto valioso.
Ontem
e Hoje (62 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 16/05/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro.
PRODUTOS DO CENTRO CULTURAL E TEATRO ABELARDO ROMERO À VENDA
DVDs
(musicais)
Tributo
à Délcio Carvalho R$5,00
Tributo
à Ataulfo Alves R$5,00
Tributo
à Herivelto Martins R$10,00
Tributo
à Braguinha R$10,00
Shirley
Dom de Cantar R$10,00
Miramar
em Continentes R$10,00
Da
Vassoura ao Microfone R$10,00
DVDs
(Teatro)
Se meu Sofá-Cama falasse R$10,00
A
Herança R$10,00
Teatro
em Gotas R$10,00
No Sertão do Gonzagão R$10,00
No Sertão do Gonzagão R$10,00
ANIVERSARIANTES do MÊS
Parabéns!
Pedro Paulo Kling
02
Angelo Romero
05
Iracema Reis
11
Aldeir José Xavier
20
Mirian M.C. Antunes
22
Margarida S. Siqueira 25
Paulo Carneiro 30
Aloysio Nobre
31
PENSAMENTO DO MÊS
“Em matéria de injustiças, o pior não é sofrê-las: -
é cometê-las!”. (Pitágoras)
A MELHOR FRASE DA SEMANA
“Provérbios são frases extraídas da longa
experiência”. (Cervantes)
A MELHOR FRASE DO MÊS
“A felicidade não é fazer o que se quer, mas querer
o que se faz”. (Tolstoi)
FILOSOFANDO
“É possível saber muito e, ao mesmo tempo, ignorar o
necessário”. (Tolstoi)
O RISO DE CARLITOS
“Um grande médico brasileiro descobriu que “prisão
de ventre” é a doença mais comum entre os nossos governantes. Depois que eles
tomam posse não fazem merda nenhuma”.
NEWS
Não deixe de assistir ao programa “BASTIDORES”, na
TV Vila Imperial, Canal 19 da TECHCABLE, todas as terças-feiras, às 13h30, com
reprise às quintas-feiras, às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não
mora em Petrópolis poderá assistir através da Internet
www.tvvilaimperial.com.br Produção, direção e apresentação de Angelo Romero.
O projeto de Angelo Romero, CINE-CLUBE-ARTE ABELARDO
ROMERO, será apresentado, excepcionalmente, no terceiro sábado deste mês, dia
19, às 19h, no Centro Cultural Cine-Teatro Abelardo Romero, com entrada franca
para os associados e convidados especiais, e ainda oferecendo, gratuitamente,
pipoca e refrigerante. Reserve seu lugar através do telefone: 2245-7260.
TEATRO
Escrita e dirigida por Angelo Romero, a comédia “A
Herança”, modificada, voltará a ser ensaiada pelos atores da Cia. Teatral
Abelardo Romero, para uma nova apresentação.
Divirta-se e cresça: assista teatro; estude teatro.
O POEMA DO MÊS
“PONTE”
Gustavo Wider
Tantas saudades tenho que nem sei...
São saudades de amigos que não tive
De lugares por onde nunca estive
Como de amores que jamais provei.
Lembro coisas que não vivenciei:
Recordações estranhas que retive
Vivas em meu espírito, inclusive
Uma torre, na qual me isolei...
Esta vida passou meio apagada:
Nada fui, nada sou e não fiz nada,
Que a fizesse notada ou preenchida.
Só se esta via foi como uma ponte
A ligar-se, no extremo do horizonte
À ponte de uma outra, mais comprida...
Gustavo Wider é membro emérito da Academia
Brasileira de Poesia e este poema foi extraído de seu livro “Portas Abertas”,
publicado em 2006
CRÔNICA DO MÊS
ENTRE O MARACANAZO E O
MINEIRAZO
Angelo Romero (escritor)
Depois de passar uma tarde no motel, com sua secretária,
o marido tenta explicar à esposa traída, a marca de batom em sua cueca. Não
encontra explicação. É uma analogia com os 7x1 que o Brasil tomou da Alemanha,
Angelo? Perguntarão vocês. Claro que não. O placar talvez tenha sido exagerado,
mas a vitória alemã, não. Procurei ler tudo o que foi publicado na imprensa
sobre o resultado do jogo em matérias escritas por nossos principais cronistas
e, para minha surpresa, pouco concordei com o que li. Não se deve escrever para
órgãos da imprensa quando se está tomado por forte emoção, por revolta,
perplexidade e sentimentos afins. A emoção, como todos sabem, inibe e distorce
a razão. Alguns cronistas chegaram ao cúmulo de afirmar que esta vergonhosa e
humilhante derrota fez superar o trauma da Copa do Mundo de 50, o famoso “maracanazo’.
Para não dizer que será impossível, posso afirmar com todas as letras, que será
muito pouco provável, em termos futebolísticos, trauma maior do que aquele. Comparações
só devem ser feitas quando quem as compara foi testemunha ocular dos
acontecimentos e eu fui. O Brasil, mesmo jogando mal, poderia ter vencido como
venceu, da Croácia, do Chile, da Colômbia e até do México, apesar do empate.
Seriam como foram, jogos emocionantes devido à paridade das equipes. A disputa
de pênaltis com o Chile causou em mim, como a muitos brasileiros, uma forte
emoção, capaz até de provocar um enfarto, como ocorreu. Porém, tal estado
emocional não poderia acontecer em nosso jogo contra a Alemanha, pois, surpresa
seria a nossa vitória. E como milagres acontecem, poderia ter acontecido. Mas,
para nosso bem futuro, tal milagre não aconteceu. Não foi o time infinitamente
melhor que venceu, foi o futebol praticado por eles, os alemães. Assisti ao
jogo na maior tranquilidade. Meu emocional estava sob controle. Não sofri com a
derrota, envergonhei-me com o placar. Não há como comparar o jogo de 1950, com
o de agora. Eu, ao lado de meu pai na tribuna de honra do antigo Maracanã,
juntamente com mais de 200 mil brasileiros presentes, fui surpreendido com a
nossa derrota para os uruguaios. E porque eu afirmo que o trauma provocado em
nosso povo naquela oportunidade dificilmente será superado? Fácil de explicar:
em primeiro lugar, por que era o jogo final, a decisão. Em segundo lugar, e fator mais importante é que a nossa seleção
era infinitamente melhor do que a uruguaia. Bastaria o empate para sermos
campeões e nós abrimos o placar. Será que vou precisar explicar mais? Não, nada
irá superar o trauma de 1950. Vi meu pai, homem equilibrado e jornalista imparcial,
chorar pela primeira vez. E, por Deus, não vamos crucificar nossos jogadores.
São os que menos têm culpa. Lutaram com dignidade até o fim. Nosso gol de honra
fez irritar o goleiro alemão que vencia por sete à zero. O brasileiro,
individualmente, ainda joga o melhor futebol do mundo, acreditem. E, para
provar tal afirmação, basta que dêem ao povo condições para praticar nosso
esporte maior. Trocar de técnico de nada adianta. Seria o mesmo que trocar o
seis por meia dúzia E não precisa mandar nossos técnicos estudarem sobre o
futebol praticado na Europa, não. Seria muito dispendioso. Basta que eles
viagem até a Costa Rica para que vejam como se pode praticar um futebol de
primeira, com matéria prima de segunda. Temos que trocar é a nossa mentalidade.
Implodir e CBF, instituir uma CPI, condenar e prender os corruptos que comandam
nosso futebol há muito tempo. Fiscalizar os presidentes de nossos clubes desportivos
que, entre a incompetência e o enriquecimento ilícito, deixam as instituições
na miséria, atoladas de dívidas. Quem melhor escreveu e até me surpreendeu,
sobre o que nos aconteceu com nossa seleção, foi o ex-craque Romário, agora
deputado. Procurem o seu texto no Face através da Internet. Não vamos nos
desesperar. Há males que vem para o bem. Nossa acachapante derrota poderá
render belos dividendos para o futuro do nosso futebol e para o Brasil, de um
modo geral.
Ontem e Hoje (62 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi publicada em 02/05/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro.
ANIVERSARIANTES do MÊS
Pedro Ignácio Neto 04
Ataualpa Filho
07
Suely Vargas
10
Joel França
12
Giovanna França
17
Alice Elisabeth Mesquita 21
Jorge Rossi 21
PENSAMENTO DO MÊS
“O dinheiro não da felicidade, mas paga tudo o que
ela gasta”. (Millôr Fernandes)
A MELHOR FRASE DA SEMANA
“Viajar é mudar a roupa da alma”. (Mário Quintana)
A MELHOR FRASE DO MÊS
“O homem persegue a mulher até ela o encontrar”.
(Leon Eliachar)
FILOSOFANDO
“Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos
bem”. (Millôr Fernandes)
Dois sultões conversando, perguntou um deles:
- Como é que você escolhe entre suas trinta esposas,
qual a que vai passar a noite na sua cama?
O outro respondeu:
- Junto as trinta no salão e jogo um balde de água
fria em cada uma delas...
- E daí? – perguntou o outro.
- Daí que eu escolho a que fizer mais vapor...
NEWS
Não deixe de assistir ao programa “BASTIDORES”, na
TV Vila Imperial, Canal 19 da TECHCABLE, todas as terças-feiras, às 13h30, com
reprise às quintas-feiras, às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não
mora em Petrópolis poderá assistir através da Internet
www.tvvilaimperial.com.br Produção, direção e apresentação de Angelo Romero.
O projeto de Angelo Romero, CINE-CLUBE-ARTE ABELARDO
ROMERO, é apresentado sempre no primeiro sábado do mês, no Centro Cultural
Cine-Teatro Abelardo Romero, às 19h, com entrada franca para os associados e
convidados especiais, e ainda oferece, gratuitamente, pipoca e refrigerante.
Porém, este mês, talvez não possamos apresentar o cine-clube em virtude da Copa
do Mundo. Caso haja uma data disponível, avisaremos antecipadamente. Maiores
informações pelo telefone: 2245-7260 – (Teatro Abelardo Romero) e 99918-1817,
(Centro de Cultura Cocco Barçante) - Rua Coronel Veiga, 1734 – Ponte Fones
Escrita e dirigida por Angelo Romero, a comédia “A
Herança”, modificada, voltará a ser ensaiada pelos atores da Cia. Teatral
Abelardo Romero, para uma nova apresentação.
Divirta-se e cresça: assista teatro; estude teatro.
O POEMA DO MÊS
O Pássaro e o Fotógrafo
Angelo Romero
(poema dedicado a Sylvio Adalberto, poeta e
fotógrafo)
faz pouso em sua lente.
Seu canto é diferente
e o som uma beleza!
Exprime, certamente,
calcada na verdade
- quem canta em liberdade,
seu canto é envolvente.
RECEITA DO CARLITOS:
Bolo de Microondas
1 xícara de chocolate em pó
3 ovos
1 xícara de suco de laranja
2 xícaras de farinha de trigo
1 xícara de sopa de fermento
MODO DE PREPARO
Bater todos os ingredientes
Colocar em forma untada
E levar ao microondas por 10 minutos
CRÔNICA DO MÊS
DEUS SALVE OS BABACAS!
(Angelo Romero – Escritor)
Não existe faculdade para a formação de “BABACAS”, nem mesmo os tais cursos especializados. E faz o maior sentido, porque, afinal de contas, IDIOTA não é profissão. O idiota é um autodidata, é uma opção. Eu tenho pavor do assassino, tenho temor do ladrão, tenho repulsa pelo corrupto, tenho nojo do flanelinha, me apiedo do analfabeto, mas, pelo idiota sinto o maior desprezo. Ele me irrita. Porém, o que seria de quem sabe se comunicar e usar o precioso tempo da vida, sem os “idiotas”? O mundo se transforma, de século a século, de ano a ano, de mês a mês, de semana a semana, e, ultimamente, de dia para dia numa velocidade espantosa! Vejo minha mulher passando roupa em ferro elétrico, leve quase como uma pluma e, ao fechar os olhos, vejo minha avozinha passando pilhas de roupa num pesadíssimo ferro a carvão. Parece que foi ontem. Falei para um amigo: -Se precisar de me enviar uma notícia urgente e importante, passe-me um telegrama. -Telegrama? –perguntou ele. Telefone-me - respondi. -Uma ligação telefônica? –perguntou o amigo outra vez. -Um e-mail, então. - Qual é, cara? Se você deseja saber alguma notícia, acesse o meu facebook – completou ele. É verdade. O telegrama praticamente já não existe. O telefonema, em telefone fixo, custa caro. Através do celular, a ligação nem sempre funciona. Ou está descarregado, ou desligado, ou esquecido em algum lugar, ou fora da área de cobertura. E, depois da criação do Face, até o e-mail perdeu a sua força. Cheguei a conclusão de que quem não tem computador está desligado do mundo. E aí me lembro de minha mãe que custou aprender a ligar a uma nova televisão que lhe dei, através do controle remoto. A criança corre porque suas pernas e cérebro acompanham a velocidade do mundo. E o idoso, com sua musculatura e memória em frangalhos? Dê de presente a um idoso um aparelho eletrônico de última geração. Última? Foi ontem. Minha mãe passou da vitrola acionada através de corda, para a vitrola automática e parou ali. Imagino ela ouvindo suas músicas favoritas (centenas) através de um pen-drive. Mamãe jamais acreditaria nessa possibilidade. Uma amiga me perguntou há uns meses atrás: -Você tem Blog? –O que vem a ser isso? -respondi com uma pergunta. A amiga não se conformou. -Como você pode ser escritor e não ter um Blog? -Não sei criar nem tenho como pagar que o crie para mim. Resumindo: meu Blog está lindo e foi a amiga que, gratuitamente o criou e semanalmente o alimenta, já que nem isso ainda aprendi. Convenceu-me ela, tempos depois, de criar um “Face”. Disse-me, na ocasião: -“Se deseja se comunicar com o mundo e divulgar sua obra (livros e etc.) ainda não inventaram nada igual”. Meu Face foi criado por ela e eu o aciono todas as noites para saber das novidades. Meu Deus! Que prazer doloroso! Apesar de encontrar, vez por outra, texto ou imagem interessante e original, entendo que noventa por cento da matéria publicada no Face é da maior babaquice! Acredito que boa parte das pessoas que usam o Face, são desocupadas, vazias, extremamente vaidosas ou profundamente solitárias. O Face é muito mais que um brinquedo e um passatempo.. É um poderoso veiculo para encontrar pessoas e divulgar obras. Mas, o mundo precisa de diferenças para que possa separar o joio do trigo. O feio existe para que possamos apreciar o belo. Um texto mal escrito existe, para que se possa apreciar uma notável obra literária.. Por tudo isso é que entendo a utilidade e a necessidade da existência do idiota assumido. Ontem eu acordei sorrindo e comecei a cantarolar. Ah, como é boa a vida! – exclamei. E, como de hábito, passei a ler os jornais após meu desjejum. E foi nesse momento, diante das notícias, que passei a me questionar para entender o porquê amanhecera tão feliz, ou melhor, tão BABACA. Sim, para uma.pessoa que crê ser equilibrada, não tem cabimento mostrar-se feliz diante do noticiário dos jornais. Não pode sorrir e cantar, diante da proximidade da Copa do Mundo da Corrupção, diante da imagem de um Brasil destroçado pelos nossos políticos e governantes e, principalmente, diante dos candidatos às próximas eleições, que agride nossa inteligência, extermina nossa fé, nossa esperança e nos proíbe de sonhar com um futuro melhor para o nosso país. Pensei mediatamente em punir minha alegria e meu cantar inconsequente. E para me punir, nada melhor do que recorrer a alguns textos e imagens do Facebook.
Ontem e Hoje (62 anos e o Brasil, em termos morais,
não mudou nada) Esta crônica foi publicada em 02/05/1952 no antigo jornal
“_Diário da Noite” do Rio de Janeiro.
ANIVERSARIANTES do MÊS
Nancy Romero |
Parabéns!
Frederico da Cruz 04
Sônia Cabral 06
Marli Angelo 19
Nancy Romero 20
Marina Ramos 23
PENSAMENTO DO MÊS
“O homem é um macaco que não deu certo”. (Millôr Fernandes)
A MELHOR FRASE DA SEMANA
“A metade da vida é estragada pelos pais; a outra metade, pelos filhos”. (Millôr Fernandes)
A MELHOR FRASE DO MÊS
“De todas as taras sexuais, não existe outra mais estranha do que a abstinência”. (Millôr Fernandes)
FILOSOFANDO
“Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos bem”.(Millôr Fernandes)
“A profissional do sexo só consegue perceber que foi traída, quando o cheque do cliente volta por não ter fundos.”
NEWS
Não deixe de assistir ao programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da TECHCABLE, todas as terças-feiras, às 13h30, com reprise às quintas-feiras, às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em Petrópolis poderá assistir através da Internet www.tvvilaimperial.com.br Produção, direção e apresentação de Angelo Romero.
O projeto de Angelo Romero, CINE-CLUBE-ARTE ABELARDO ROMERO, é apresentado sempre no primeiro sábado do mês, no Centro Cultural Cine-Teatro Abelardo Romero, às 19h, com entrada franca para os associados e convidados especiais, e ainda oferece, gratuitamente, pipoca e refrigerante. O projeto, nos mesmos moldes, está sendo estendido para a Casa de Cultura Cocco Barçante. A próxima apresentação será lá, mediante convite e acontecerá às 19h do sábado, dia 24 do corrente.
Maiores informações pelo telefone (24) 31114944. O endereço é Rua Coronel Veiga, 1734 – Ponte Fones
TEATRO
- Escrita e dirigida por Angelo Romero, a comédia “A Herança”, modificada, voltará a ser ensaiada pelos atores da Cia. Teatral Abelardo Romero, para uma nova apresentação.
- Já estamos aceitando inscrição para formar uma nova turma do curso de teatro Angelo Romero. As aulas terão início no próximo mês de maio. Maiores informações pelo telefone 2245-7260
Divirta-se e cresça: assista teatro; estude teatro.
O POEMA DO MÊS
“CONSTRUÇÃO”
Gladys Alarcón Barrenechea de Barrientos
Fui construindo na minha janela,
um Castelo de ilusões...
Suas torres são pensamentos
e as vidraças emoções...
Meu Castelo não tem portas, só janelas.
No teto pintei de estrelas,
estrelas abrilhantadas.
O chão pintei de luar,
luas brancas e amareladas.
Caminho por meu Castelo
sem sapatos e ao azar...
Nas paredes estão os versos
que a vida me faz lembrar...
E tem um sino vermelho
que bate forte, tão forte,
para poder eu despertar.
Meu Castelo de Ilusões
só começa a funcionar
quando minha alma de criança...
foge da alma de mulher!
(Gladys Alarcón Barrenechea de Barrientos foi eleita para a Academia Brasileira de Poesia
A CRÔNICA DO MÊS
MAIO, O MÊS AMARELO
(Angelo Romero)
A cor deste mês poderia ser rosa, em homenagem às Mães. Uma cor suave e delicada como a de uma pétala de Rosa, rosa, o tom tradicionalmente chamado de rosa bebê. Mas esta cor já foi usada em outubro do ano passado como alerta e campanha para o tratamento do câncer de mama. A mídia internacional, assim como a brasileira, institui e divulga dias para tudo. Além dos dias santificados e outros dedicados para homenagear os nossos heróis e os nossos feitos históricos, existem também o dia das mães, dia dos pais, dos avós, do comerciário, da secretária, (dia esse que as esposas costumam repudiar), o dia internacional da mulher e etc. Não satisfeita, a mídia resolveu passar a colorir os meses. A cor amarela foi à escolhida para o mês de maio, em função da violência no trânsito. Justa campanha para defender o pedestre dos maus motoristas. Por diversos fatores, a violência em nossa cidade cresce mês a mês. Media-se o tamanho e a importância da cidade em função, principalmente, do número de habitantes. Creio que isso é passado. Petrópolis, cidade imperial, quando pequena, já foi uma cidade pacífica voltada para o turismo. Mas voltemos às cores e à violência. Hoje podemos afirmar que uma cidade com trânsito caótico, com farto comércio de tóxico, com prisões de traficantes diariamente noticiadas, com roubos de veículos, escritórios e residências, assaltos à luz do dia no Centro, e até pequenos sequestros, desastres e atropelamentos no trânsito, já se pode dizer que Petrópolis ganhou notoriedade e passou a ser notícia nos principais jornais do país em face da importância e da quantidade de graves problemas. Assim, nada ficamos a dever às outras grandes metrópolis. Porém, quanto à violência no trânsito, sugiro que seja acrescida a cor abóbora para o mal pedestre também. Não acredito em atropelamento numa cidade em que o trânsito está constantemente engarrafado. Não existe espaço para a velocidade e nem correr demais é hábito do motorista petropolitano, com raras exceções. O que normalmente existe, na maioria das vezes, é a tentativa de suicídio do pedestre que atravessa lentamente fora das faixas e com o sinal aberto para os carros. Além da distração, existe, no caso, o desrespeito, o desafio e a até mesmo a provocação movida pela a inveja de quem não consegue possuir um automóvel. Mas, no Brasil, só o motorista é penalizado. Esta campanha que tem como objetivo humanizar o trânsito, me faz recordar meu saudoso pai que me dizia: - ”Meu filho, se alguém lhe avisar que fui atropelado, acredite: ou foi sobre a calçada ou atravessando a faixa para pedestre com o sinal aberto para mim”. Há muitos anos, passeando com meu filho, adolescente, nos Estados Unidos, mais precisamente em Washington DC, atravessei uma das principais avenidas daquela cidade com o sinal vermelho para o pedestre, isto porque, naquele momento a pista estava deserta. Fomos parados do outro lado, ao atingirmos a calçada, por um senhor que nos perguntou: porque atravessam com o sinal vermelho aceso, fechado para pedestre? Ao que respondi: porque não havia trânsito no momento. E ele concluiu nos dando uma lição de cidadania: - Você conhece as cores indicativas de trânsito e viu que dava tempo para atravessar. E se uma criança, que não conhece o significado das cores, tivesse vendo um adulto atravessar de maneira incorreta, não seria capaz de fazer o mesmo? Mas, como é brasileiro, não se preocupe, está perdoado. Senti-me ofendido e pensei em rebater a ironia, mas abaixei a cabeça, envergonhado, esperei acender a luz verde do sinal, e voltei para a calçada de onde tinha vindo. Proponho juntar o abóbora ao amarelo, para o mal pedestre e aguardo que a mídia eleja novas cores para cada mês do ano: o julho vermelho representaria a cor da brasa nas fogueiras juninas assando batata doce. O janeiro azul representaria o mar e o céu de nosso verão. O arco-íris de cores ficaria bem para fevereiro e março, pois muito representaria a festa máxima de nosso país: o carnaval com o desfile das escolas de samba. O verde representaria os nossos gramados e ficaria designado para o mês da final da Copa do Brasil de futebol. O dezembro poderia ser branco, para representar a paz, a confraternização e a união das famílias em comemoração ao nascimento do menino Jesus. E é importante que tenhamos um bom motivo, um significado a ser representado por uma cor, para cada mês do ano, pois, caso contrário, a cor preta pontificaria e predominaria para os demais meses para representar o luto, a possibilidade de um futuro negro para o nosso país, por culpa de nossa Justiça, de nossos atuais políticos e governantes.
Ontem
e Hoje (62 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 01/05/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro
98º TELEGRAMA
Vai fazer cem anos, na próxima segunda-feira, a transmissão do primeiro recado elétrico do Brasil. Mal sucedida a experiência de um leigo na matéria, desinteressou-se o ministro Euzébio pela telegrafia nacional, chegando a ponto de não querer ouvir falar a respeito. Mas o Barão de Capanema, que acreditava na eletricidade, insistiu tanto na coisa, que conseguiu, afinal, de uma sala para outra, a primeira transmissão, entre nós, de um “recado elétrico”. Não é de admirar, ainda hoje, que esse recado tenha sido manipulado em versos: “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”. Sempre fomos da poesia, inclusive no domínio da eletricidade. A princípio, como era natural, o público não se interessou pelo telégrafo. Ou talvez não acreditasse nela, apesar de sua linguagem simbólica e de seu caráter sigiloso. Com o tempo, porém, passaram os telegrafistas a disputar com os padres e com os médicos a primazia na recepção e conservação de todos os segredos sentimentais, comerciais e políticos do país. O fato de terem sido os telegrafistas, até a revolução de 30, os mais perseguidos dentre os guardiães de sigilo, no Brasil, constitui prova de que eles nunca se corromperam , apesar de mal pagos, e nunca se deixaram intimidar, apesar de desamparados pelo poder público. Só mesmo que tenha convivido com telegrafistas, no interior, pode falar a respeito de sua vida. São os heróis do Morse. Meu pai foi um desses heróis do Telégrafo Nacional. Fiel à sua modesta função de guardador de segredos, teria, por isso, que suportar perseguições políticas de toda a sorte. Removido de uma cidadezinha para outra, permanecia, entretanto, firme na sua função altamente sigilosa. Sacrificava tudo, no cumprimento do dever, inclusive a própria vida da família. De uma feita, quando viajava, à noite, através do sertão alagoano, para assumir o posto mais arriscado, na ocasião, foi detido com a família, no caminho, pela tropa volante de Lampeão. Graças ao Capitão que se encontrava dia de bom humor, pôde meu pai prosseguir viagem até o seu posto de sacrifício. Doutra feita, na ocupação de Japaratuba por um batalhão de bandidos profissionais a serviço da legalidade, tele ele a sua casa saqueada, perdendo tudo, no saque, inclusive o único terno de casimira que possuía.
É verdade que, vitorioso o governo, meu pai a ele recorreu , com a devida vênia, segundo modelo oficial, pedindo humildemente uma indenização. Mas o govêrno do Brasil fica tão satisfeito da vida, quando ganha, que se esquece de pagar a quem deve, em parte, sua vitória. Perdoe-ma o leitor se recordo episódios de interêsse tão particular na comemoração de um acontecimento que interessa a toda a nação. Mas é que ainda há, por este Brasil a dentro, inúmeros telegrafistas que sofreram , como meu pai, no cumprimento, sem recompensa, de sua missão de conservador de segredos. O govêrno devia pensar neles, agora, ao comemorar o centenário do primeiro recado elétrico.
Abelardo Romero
Obs. Foi mantida a grafia da época e, excepcionalmente, o texto foi copiado, ao invés de recortado do jornal, em face da má qualidade da impressão.
Para os amantes da poesia, CARLITO´S NEWS indica os seguintes livros e respectivos autores: “A ORDEM DO CAOS” - Christiane Michelin; “DENTRO DA MATA DENSA” – Gerson Valle e AMOLA-DOR – Ataualpa A. P. Filho. Nosso jornal se oferece para intermediar os possíveis interessados, com os autores citados, através de nosso telefone.
Nenhum comentário:
Postar um comentário